2.25.2008

Prémio Europeu de Espaço Público Urbano 2008

Estão abertas as inscrições para o 5º Prémio Europeu de Espaço Público Urbano, a atribuir no mês de Junho em Barcelona.
Os projectos vencedores, finalistas e seleccionados farão parte do Arquivo Europeu de Espaço Público, acessível no site http://www.urban.cccb.org/.
A documentação deverá ser entregue ao Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona no período compreendido entre 15 de Janeiro e 15 de Março.
Mais informação no site citado.

Na imagem, o projecto vencedor em 2004, Recuperação Paisagística do Aterro de Vall De’n Joan, Barcelona, da autoria de Enric Batlle, Joan Roig e Teresa Galí-Izard.

2.22.2008

são flores

Nos dias que correm, o arquitecto paisagista continua a ser encarado como o “Homem das couves”.
O tema “Paisagem” atinge hoje um estatuto como nunca vira reconhecido, surgindo como um elemento fulcral na génese de qualquer discurso arquitectónico que se quer correcto e consonante com a dinâmica de um território que se altera a passos largos. Tal pressuposto, se por um lado, fomenta o crescente interesse pela profissão, relativiza contudo o papel dos arquitectos paisagistas desenvolvido nas últimas décadas na defesa do património natural e aplicação de princípios de sustentabilidade na construção de espaço público e consequente transformação de território.
Existe como que um “antes” e um “depois”, traçado a partir do momento em que a temática da paisagem passou a figurar de forma exuberante em publicações, concursos, exposições e bienais de arquitectura. Como se o “antes” não existisse, olhos postos no futuro que se aproxima. Sinais ténues de mudança em registo wallpaper.
O atelier holandês West8, coordenado por Adriaan Geuze, integrado num plano de revitalização de uma zona da cidade de Madrid, propõe para a Avenida de Portugal um extensa área de jardim delineada a partir de um motivo floral.
Não são couves, são flores.

2.18.2008

A casa vazia

Ferro 3 reforça uma certa obsessão que Kim Ki-duk tem por dois elementos, portas e casas, já visível em Primavera, Verão... A porta-limite entre exterior e interior, público e privado, é pacificamente arrombada por Tae-suk e, só esse arrombamento revela a função da casa enquanto espaço habitacional. Tae-suk procura diariamente um sítio para dormir e, aproveitando a ausência dos donos da casa, entra e habita nela por empréstimo, pagando a sua estadia com pequenos arranjos em electrodomésticos, ou tratando da roupa. Até que um dia, numa casa aparentemente vazia, é surpreendido por uma mulher, Sun-hwa, vítima de um marido violento. O fantasma vem à superfície por breves momentos, os suficientes para uma fuga com Sun-hwa e uma relação tão silenciosa como as casas que juntos passam a habitar. No final, o reencontro perfeito com o fantasma que sempre esteve lá, uma presença subtil e fantasmagórica fora do campo de visão. Em português o título indica o taco de golfe, Ferro 3, também personagem desta narrativa, mas em inglês, Empty houses, faz justiça à ideia do realizador : “We are all empty houses waiting for someone to open the lock and set us free”.

2.12.2008

razão|intuição|clarificação|redução

razão.intuição
"Basta uma diminuta contribuição da intuição, e não é assim tão diminuta a contribuição da intuição no processo da arquitectura, para ficar contaminada toda e qualquer hipótese de racionalidade. Essa é a dificuldade da razão: ou é pura ou os seus produtos ficam em causa. Por outro lado, nem mesmo as descobertas científicas não são redutíveis às fórmulas que as demonstram, existe sempre um mundo inteligente, mas mais intuitivo, que antecede, determina, escolhe e conduz essas descobertas e investigações. A razão é muito pouco para determinar o projecto, é muito pouco para fazer arquitectura. Não sabemos dizer se sobrevalorizamos ou subvalorizamos a razão, mas sobretudo não fazemos qualquer esforço específico na sua utilização. Queremos que a lógica e regra dos projectos, do que no fim aparece como ideia do projecto, seja coerente, estruturada e tão clara, que seja quase óbvia. Contudo, é um esforço também formal, que corresponde com exactidão à geometria que a ideia define. Mas essas regras não são produtos puros da razão, longe disso. A nossa arquitectura pode ter uma base racional, mas não se resume à razão."

clarificação.redução
"Gostamos muito dessas expressões, a de clarificação e a de redução. Uma tem conotação enológica, a de clarificar, e outra a gastronómica, de redução. A da clarificação, na enologia é realizada pela adição de um produto que realiza uma “colagem” e que, quando se retira no fim da operação, traz consigo as impurezas dando brilho, transparência, resultando clarificado. O da redução é naturalmente muito diferente, é o da concentração, de dar espessura, pela perda de líquido e acentuar o carácter. (…) Adoptámos essa expressão, redução, que descreve bem, na nossa opinião, parte do nosso processo produtivo. Não pensamos no seu sentido minimalista, mas no de contenção, de limitar a quantidade de informação à que é pertinente, de retirar o ruído e as impurezas, de clarificar eliminando o que não faz parte e de concentrar, acentuar, reduzir, para dar maior e integral expressão à essência. Essa essência é conceito, ideia e depois regra, mas só assim se mais nada interferir, se mais nada for dito."

João Pedro Serôdio e Isabel Furtado em entrevista à arq./a nº54, Fevereiro 2008.