3.06.2010


Hoje temos de enfrentar o desfasamento entre os que querem construir, o que queremos construir e os tempos que nos impõem.(...)


O problema da arquitectura é o de ganhar tempo. O importante é ter tempo e não espaços. (...)


O que sucede é que hoje o tempo não tem um princípio, “sem origem, mas sim subtraído, contado ao invés pelo fim”. Ou seja trabalhamos em contra-relógio. E o seu final, quando o tempo se esgota, é em si mesmo o terminar de uma história, de um projecto, de um corpo de trabalho. (...)


O tempo, é contado a partir do fim. Sobra-nos a disponibilidade obsessiva de esgotar os sub-tempos de que dispomos para o final, como agora porque estamos obrigados a isso, temos de deixar o supérfluo, a circunstancia que não pode entrar na história. (...)


O problema consiste em que, quanto mais simples nos parece uma imagem, mais tortuosa foi a sua construção, quanto mais complexo é o resultado, mais despreocupado foi o processo de projecto. O ponto de equilíbrio, ou a regra de ouro, resulta da vigilância, pela metamorfose permanente, como sucede com as estações do ano. (...)



Eduardo Souto Moura, in Revista 2G, nº5 1998/I, Ed. Gustavo Gili, Barcelona. P 138-143