Primavera, Verão, Outono...
Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera (2003) de Kim Ki-Duk, realizador sul-coreano, é um filme à deriva, como no desapego oriental pela posse da terra, mas com as raízes bem presas no ciclo das estações do Ano que vão marcando o lago e a vida humana de mestre e discípulo.
Se para Heidegger o homem é uma clareira na floresta do ser, para Kim Ki-Duk, esta clareira é um lago marcado pelo ritmo das estações: cheio de novas vidas na Primavera, transbordante com as chuvas de Verão, cemitério de folhas caducas no Outono ou um campo de gelo no Inverno. Como espaço vivencial do ser, este lago é acedido somente por duas portas, sem uma cerca à volta das margens, sem continuidade, só duas portas que as personagens transpõem apesar de poderem dar a volta.
O filme, tanto a nível narrativo, bastante simples e zen, quanto visual, bastante intenso, é escrito principalmente por dois elementos: as portas e a casa flutuante. Além das portas serem uma passagem apenas como barreira mental entre espaços na organização da vida, e não fecharem nem abrirem um espaço interior físico (para quê ter portas no interior da casa se os quartos não têm paredes?), também a casa deixa a sua função de fixar alguém a um sítio porque ao ser uma casa flutuante no lago, acaba por ser todo o espaço envolvente, não só o lugar da casa mas também o lago, as margens, os ribeiros e a floresta; sempre móvel, sempre nómada e à mercê do ambiente, imagem da poética do espaço.
O filme, tanto a nível narrativo, bastante simples e zen, quanto visual, bastante intenso, é escrito principalmente por dois elementos: as portas e a casa flutuante. Além das portas serem uma passagem apenas como barreira mental entre espaços na organização da vida, e não fecharem nem abrirem um espaço interior físico (para quê ter portas no interior da casa se os quartos não têm paredes?), também a casa deixa a sua função de fixar alguém a um sítio porque ao ser uma casa flutuante no lago, acaba por ser todo o espaço envolvente, não só o lugar da casa mas também o lago, as margens, os ribeiros e a floresta; sempre móvel, sempre nómada e à mercê do ambiente, imagem da poética do espaço.
1 Comentários:
sem duvida um dos meus filmes preferidos de sempre. A natureza simbolica dos personagens também cruza-se com a dos objectos. a reflectir sempre
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