1.02.2007

Fragmentos de Berlim


Agora, que é altura de fazer balanços e projecções, podemos reparar no modo curioso como, na nossa cabeça, um ano pode ser sintetizado por algumas imagens. As televisões transmitem sínteses do ano que passou em que se vêm as imagens das coisas marcantes de todo o ano em menos de um minuto. Também com as paisagens onde vivemos o quotidiano, ou naquelas em que estivemos de passagem, a nossa memória produz uma registo feito de fragmentos, que está longe de ser parecido com um mapa, e que também não é bem como um filme, uma fotografia, um texto ou um desenho, mas que tem algo de cada uma destas representações. Neste pequeno vídeo de Nuno cera, que podem ver melhor no C.C.B., o relevante não é a representação da cidade, mas do modo como ela é retida na memória e depois evocada. Como em qualquer registo gráfico, aquilo que não é mostrado ou que é mais sintetizado, deixa respirar e dá peso ao que aparece registado com mais detalhe, mais atenção. Este vídeo vive muito dessa relação entre os lugares e objectos que são passados muito de repente e aqueles que conquistam misteriosamente mais algumas fracções de segundo na sequência rápida, e é nisso que se assemelha ao modo como conhecemos uma paisagem por onde passamos e retemos imagens e sensações de pequenos fragmentos.