Perspectiva I




No séc XV, Piero della Francesca, escreveu um tratado sobre perspectiva e aplicou esses conhecimentos na sua pintura. A perspectiva central é uma construção mental em que as linhas que formam um espaço convergem para um ponto imaginário, o ponto de fuga. Este ponto define a linha do horizonte e coloca o Homem, vertical, no centro dessa visão.
No séc. XXI, o Google Earth providencia-nos outra linha de visão, o zénite e o centro da Terra. O Homem já horizontal, orbita à volta da terra e domina essa superfície. Mas em vez de uma superfície homogénea, as imagens do Google Earth surgem-nos focadas no centro e desfocadas na periferia, criando assim a ilusão perdida da perspectiva, a ilusão de profundidade. Esta perda de visão periférica assemelha-se ao tipo de conhecimento que obtemos no motor de busca Google. Conhecimento à volta de um termo, em vez de conhecimento sobre uma matéria.
As imagens mostradas centram-se no Maryon Park, em Woolwich, Londres, onde foi filmada a cena do crime no filme Blow-up do Michelangelo Antonioni. Neste filme, um fotógrafo de moda, a partir de uma fotografia tirada no parque a um casal que passeia numa clareira, repara que algo de estranho se passa na sebe que a limita. Começa a ampliar a imagem até à exaustão, até que descobre um assassino com pistola. Mas fica no ar a hipótese de engano. Com o G. Earth aproximamo-nos desta clareira em voo picado.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< voltar