Aquário
Miguel Palma coloca um aquário com um peixe vermelho à superfície de água de um lago.
O peixe aprisionado comunica visualmente com outros peixes que se aproximam, mas não participa espacialmente na convivência com os seus semelhantes. O vidro translúcido permite-lhe observar mas priva-o do essencial – uma vivência.
Uma barreira física perversa, este limite que separa águas. Mostra ao peixe aquilo que ele tanto ambiciona, mas engana-o ao confiná-lo a um abrigo estéril. Protegido, vê de longe o fundo do lago e também predadores que o espreitam mas que nunca poderão participar dos seus medos.
“Aquário” de Miguel Palma, 1996
4 Comentários:
Palavras muito bonitas mas não é mais que uma tortura perversa ao ser vivo em questão.
Pelo que me apercebo o aquário é desprovido de filtragem (água completamente estagnada) e a própria alimentação do peixe tornar-se-á um problema, não?!
Como será viver fechado numa casa de banho de vidro colocada estratégicamente no meio.... da cidade?
Obrigado pelo feedback!
Esta instalação é meramente temporária.
Em relação à questão moral levantada penso que está um pouco deslocada do que aqui se pretende comunicar. Um lago artificial nunca será um lago natural ou um rio. Por isso, o contexto da intervenção justifica-a e não me parece que levante as questões éticas de que falas.
Que achas?
De facto, um lago artificial não é um lago natural, mas cabe-nos a nós, através da nossa intervenção, tentar aproxima-los o mais possível do equilibrio e não separá-los ainda mais.
Compreendo que o autor tivesse em mente uma abordagem mais artistica do que propriamente uma vontade de criar algo negativo ou preverso para o animal, mas na realidade o que temos ali é isso...
Se é apenas temporário, ainda bem.
ui!
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