9.02.2007

Ceiroquinho

Numa zona de relevo rigoroso, a presença de linhas de água dita o povoamento, condição essencial à prática da agricultura, modo de subsistência numa região em que os recursos são mínimos.
A aldeia de Ceiroquinho ocupa um vale integrado na extensa cadeia montanhosa da serra do Açor. Um pequeno núcleo de casas alcandoradas ao longo de uma encosta debruça-se sobre uma linha de água, essencial na sua génese e sobrevivência.
Chegámos num dia de calor, deambulando por um percurso tortuoso aparentemente sem um fim à vista. Em baixo, a aldeia, disposta no sopé da encosta, concentrado de casas em pedra, umas mais antigas, outras de construção recente, ligadas por percursos intricados ajustados às necessidades da povoação.Imagens recentes da piscina da aldeia ditaram a visita. No local, a relação entre ambas não é clara. A piscina afasta-se da aldeia por meio de um percurso que contorna uma elevação oposta à implantação do casario. Enquanto subíamos, cruzámo-nos com homens de calções e vassouras às costas. Finalizavam o grande dia da limpeza da piscina, dia a partir do qual estava aberta a época balnear dos seus habitantes. Em baixo, os jovens aguardavam ao sol a subida das águas. A piscina alimenta-se da água de um pequeno riacho que a contorna. A água, redireccionada por uma pequena comporta, enche a piscina para voltar ao seu leito normal após atingir o limite desejado e determinado pelos descarregadores de superfície. O desenho parece resultar de um gesto intuitivo, espontâneo, materializado numa plataforma principal que se ajusta ao relevo existente por meio de lances de escadas e plataformas secundárias que criam áreas de estadia ou de banhos para os mais pequenos. Por outro lado, reflecte um sentido de comunidade pouco comum nos dias de hoje. É mantida pela povoação local e, na ausência de limites físicos, aberta aos transeuntes. Enche-se no pico do calor para devolver no Outono a água ao circuito normal do riacho. Um caso notável de apropriação de um território e da sua dinâmica familiares aos habitantes da aldeia, longe de uma acção demasiado planeada, acto distante e por vezes contraditório com uma realidade ainda mais longínqua.

mais informação e fotografias aqui (ver secção Fotos).

7 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

A Piscina foi construída em 1982. Conheço-a desde sempre e tomo lá banho desde pequena. Hoje mais do que em miúda preciso de coragem para lá entrar, mesmo no verão, devido ao frio das suas águas! Mas recordo com saudade os tempos em que a miudagem passava a tarde toda à sua beira. Obrigado pela hipótese de recordá-lo.
Carolina
P.S. A piscina é utilizada e mantida, não pelos habitantes da aldeia, mas pelos descentes que já não morando lá se deslocam à aldeia para poder fazer a sua manutenção.

24/11/07 21:56  
Anonymous Anónimo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

25/11/07 14:05  
Anonymous Anónimo disse...

Olá Carolina! Obrigado peu teu comentário.
A visita à piscina resultou do acaso. Vimos um dia uma imagem no google que nos deixou curiosos e resolvemos passar por lá. A piscina é impressionante e acabou por ser o ponto alto das férias. Ficámos contudo com algumas dúvidas. Ainda existem muitas pessoas a viver mesmo lá? É que a aldeia é completamente isolada, custou-nos chegar lá...
Sabes de o projecto da piscina envolveu algum arquitecto ou partiu da população local?

25/11/07 14:12  
Anonymous Anónimo disse...

Ainda vivem lá algumas pessoas! No verão chega a ter mais de duzentas :) a piscina foi um projecto que partiu da população da aldeia, mais precisamente da Comissão de Melhoramentos do Ceiroquinho!

10/2/08 19:21  
Blogger gordopopota dias disse...

obrigado, pois sinto-me muito contente de ver esta página , passei muitos bons momentos nessa linda terra, e fui aí muito bem tratado, por essas gentes(aos quais deixo um enorme abraço)eu sou um dos rapazes de um grupo que costumava ir ao ceiroquinho passear,eramos eu Moura Dias(dançava descalço),o Augusto , o Victor Pacheco,...(não me recordo se ia mais alguém) tudo malta nova da Barroca Grande, sei que costumvamos comer num café ao centro da aldeia, onde morava a Isabel,mais uma irmã,e um irmão O António, havia os pais um snr e senhora muito simpáticos dos quais não consigo lembrar o nome, mas nunca os esqueci, assim como a todo o grupo de pessoas com quem nos davamos bem, lembro-me perfeitamente da piscina onde fomos ainda algumas vezes, e ainda fui á cereja mais o António ele teria na época 10 ou 11 anos(+-) e um snr que penso seria o avô dele, mas...já lá vão uns 25 ou 26 anos, (lindas raparigas que a terra tinha...Bem-hajam todos nessa terra se alguém aida se lembrar de quem eu era e me quizer contactar aqui fica o endereço email; mouradias@aeiou.pt ou macarraozita@hotmail.com

1/4/09 23:20  
Anonymous Anónimo disse...

O café da Dona Josefina :o) Já não existe :( Já não há nenhum café no ceiroquinho... mas durante o verão a comissão abre uma espécie de café na escola para animar as festas ;) O marido é o senhor Aires :o) Sim Também me lembro bem :o) Até porque a minha mãe é de lá e eu que agora tenho 30 anos :) já lá vou todos os verões desd os 3 :o) hihihihi Beijokas

9/4/09 21:44  
Anonymous Anónimo disse...

ola! eu também sou neta deceiroquinhenses. o meu avô era o conhecido 30; Eduardo Alves. O meu pai gostaria de contactar alguém da sua geraçao que fosse à aldeia. a cada passo vamos la passar uns dias. Os meus tios ainda permanecem lá, eram os donos do café Maria Augusta e Joaquim. Quem quiser reavivar amizades contacte natalina_alves@portugalmail.com. eu respondo.
com os melhores cumprimentos Natalina Alves

7/2/10 19:21  

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