Las Médulas
Inseridas num território agreste em que a ausência humana se estende por quilómetros a fio, Las Médulas constituem um paraíso perdido no noroeste peninsular ibérico. O estatuto de Património da Humanidade adquire diferentes contornos quando aplicado a um local longínquo, isolado no seio de uma paisagem quase sempre monótona, campos estéreis a perder de vista que afastam o homem convicto no conforto da Natureza.
Encerram em si a correcta apropriação do território pelo Homem, no sentido em que uma transformação radical no mesmo pode tornar-se, milhares de anos mais tarde, veículo de uma nova utilização, face a novos anseios e novas possibilidades. A não cristalização de uma paisagem de inequívoco valor cultural possibilitaria a presença das populações locais que ao longo dos tempos se ajustaram às suas dinâmicas ancestrais, tomando-as a seu proveito numa estratégia de sobrevivência.
Constituem o registo da maior mina a céu aberto de todo o império romano, numa extensão de cerca de 3 kms, face a uma profundidade que chega a atingir os 100 metros. A par de uma intensificação da exploração agrária, a busca desenfreada de ouro pelos romanos instalados na região por volta do séc. I d.C, viria a moldar uma topografia já de si irregular, esculpindo montes separados por vales, interstícios verticais criados a partir da intensa extracção de minérios. Da sua deposição atenuou-se a topografia circundante, garantia de maior a acessibilidade à região. Dos canais condutores dos minerais criaram-se novos percursos. Os lagos criados gerariam relevantes zonas húmidas, envoltas por inúmeros castanheiros que introduzidos aquando da ocupação romana, tornar-se-iam numa importante fonte de rendimento das populações locais e uma das suas imagens mais marcantes. O território rearticulara-se. Percorremos as médulas num dia de intenso calor. No fundo dos vales os castanheiros garantiam-nos a sombra. Sentimo-nos pequenos perante a altura dos montes e a força dos homens.
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ps: a Ana Luis revelou-nos o lugar. um grande Obrigado.