1.29.2009

PARR and his Boring Postcards

Martin Parr, fotógrafo e colecionador, resume em três livros sua a colecção de postais: «Martin Parr Postcards. London: Phaidon, 2003», «Boring Postcards. London: Phaidon, 1999» e «Boring Postcards USA. London: Phaidon, 2000».
Os postais são fenómenos interessantes. São perspectivas de um determinado indivíduo e/ou comunidade sobre a sua própria vida e habitat e, principalmente, sobre os aspectos que esse indivíduo e/ou comunidade entende que deveriam ser mostrados ao público exterior.
Simultaneamente, existe uma lógica de mercado, de consumo à qual os postais, como produtos turísticos, não podem fugir. São por isso amostras antropológicas e sociais muito reveladoras.
Parr recolhe postais que fogem dos cânones habituais. Um passatempo mais comum do que se possa pensar. Estes postais revelam uma intensão por vezes pouco nítida para quem observa de fora mas que respeita uma lógica cultural e social muito própria. Esse desfazamento entre o observador e o autor chega, por vezes, à comicidade.
Nos seus livros, Parr constrói uma ideia de um lugar, de comunidade, através da colecção de imagens alienadas do percurso turístico mas ainda assim construídas e fabricadas por outros com o intuito de mediatizar a relação que poderíamos criar com o lugar. Mas, em vez de simplificar uma imagem de lugar, que é o que normalmente os postais procuram fazer, torna-a mais difusa e questionável e, por isso, mais intrigante.










fotografias via Magnum Photos

1.21.2009

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The frightened man at first stands like a statue motionless and breathless, or crouches down as if instinctively to escape observation. The heart beats quickly and violently, so that it palpitates or knocks against the ribs.

Charles Darwin, in The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872

1.16.2009

Poças

três de seis poças de Alexandre Delmar.

1.11.2009

Apropriação

Regra geral, no nosso país, a construção de espaço público assume ainda um carácter defensivo na criação de espaços destinados à fracção infantil. Por um lado, a ditadura de uma legislação castradora e obsoleta na defesa do humano enquanto ser não racional, por outro a multiplicidade agonizante de catálogos de mobiliário infantil que ditam a rigidez do desenho e os próprios movimentos dos mais novos.
É clara a sua inexpressão em parques regidos por uma génese assente na descodificação. Nestes, não existe parque infantil tal como não existem propriamente campos de jogo ou circuitos de manutenção. Prevalece a experiência individual no usufruto do espaço, independentemente de códigos e valores instituídos.
Já nos parques infantis desenhados com uma função específica parece não existir espaço para a experimentação. Com base em estratégias rígidas de utilização, assumem-se como tal, espaços codificados pouco abertos a novas possibilidades que não aquela para a qual foram criados.
Em Ultrecht, Holanda, um campo de skate no inverno dá lugar a um charco no verão. Fecha-se o ralo e abre-se uma nova possibilidade. Despem-se as roupas, vestem-se os fatos de banho e chapinha-se na água, indiferentes à qualidade da água que se deteriora com o tempo. (projecto do atelier Carve)

Num outro contexto, de acordo com um recente artigo publicado no New York Times, face à forte crise financeira, jovens skaters americanos localizam piscinas privadas ao abandono através de pesquisas no google earth ou em anúncios de casas à venda em agências imobiliárias. De vassouras e baldes em punho, retira-se a água, limpa-se a superfície e inverte-se a acção. Uma piscina vazia dá lugar a uma pista de skate.

O mundo altera-se a olhos vistos. Alteram-se os hábitos e as relações entre os homens e, com eles, o sentido de apropriação das coisas.