1.27.2008

concursos 1 | 2G Competition . Venice Lagoon Park

«Drip Feed» por BuildingBuilding Office [Paris] com a Berger&Berger office . 1º classificado (imagens BuildingBuilding)

Já foram divulgados os resultados do concurso promovido pela 2G durante as comemorações do 10º aniversário da revista.
O concurso previa a discussão do Venice Lagoon Park sobre a antiga Sacca de S. Mattia, perto da ilha de Murano em Veneza. A Sacca insere-se geograficamente no momento entre o aeroporto e a cidade de Veneza e adquire, com essa posição, um papel preponderante na articulação entre o turismo e a lagoa, um ponto de chegada e de distribuição. Por outro lado, a Sacca de San Mattia é mais um paradigma do processo evolutivo da lagoa de Veneza. Trata-se de uma geografia construída por desposição de sedimentos, mais tarde colonizada por fábricas de vidro. Actualmente encontra-se abandonada.
Os vencedores foram escolhidos de entre mais de 500 propostas.

«500 m Apart» por Johanna Irander, Nicole Carstensen, Nicolò Riva, Nuno Gonçalves Fontarra e Samuel Austin [The Hague] .2º classificado (imagens Studio Irander)

1.14.2008

Big Bird

Uma câmara vigia um ninho de grifos 24 horas por dia, na zona do Tejo Internacional.
Ao invés do esperado, o ninho, ocupado por um casal de grifos nos últimos cinco anos, tem sido desde meados de Novembro local de visita por um abutre de Ruppel, uma espécie rara do Norte de África, recuperando a sua estrutura pela adição de novos paus e ramagens.
No início de Janeiro de 2008, foram observados pela primeira vez dois grifos juntos no ninho, em manobras conjugais.
Um dia depois, o abutre de Ruppel regressa isolado e talvez incomodado.
De acordo com o descrito no site, “nos próximos dias saberemos quem são os ocupantes finais deste ninho, uma vez que a postura costuma ocorrer cerca de uma/duas semanas depois de um cópula com sucesso”.

Uma espécie de Big Bird,
em directo aqui.

1.06.2008

Picote

O complexo habitacional de Picote surge enquadrado numa estratégia de rentabilização dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Douro, desencadeada nos anos 50 como resposta do país à busca de uma certa modernidade que se fazia sentir. A operação que envolveu ainda os complexos de Miranda e Bemposta, encontra no trabalho dos arquitectos Archer de Carvalho, Nunes de Almeida e Rogério Ramos, recém formados na Escola Superior de Belas Artes do Porto, uma motivação na aplicação dos princípios do Modernismo e dos pressupostos da Carta de Atenas, no estabelecimento de uma nova ordem, garantia da prosperidade que se procurava.Longe da aplicação da doutrina modernista demasiado radical, atentos aos desígnios de um território rude, de difícil apropriação, os arquitectos desenvolvem um trabalho notável, uma resposta eficaz, de gestos precisos, no domínio da paisagem enquanto valor natural e cultural.O território agreste mirandês recebe a intervenção de braços abertos a um projecto que se funde com a paisagem, com um admirável sentido de ligação à terra e às pessoas que dela fazem parte.
O complexo de apoio à barragem hidroeléctrica que engloba as instalações técnicas da mesma, o aldeamento com escola, igreja, centro comercial, casas para operários e engenheiros bem como uma pousada, revela uma intensa capacidade de resposta a um extenso programa e sua aplicação num território difícil, com alguns constragimentos morfológicos, numa apropriação notável com verdadeiro sentido de escala.
Os materiais, a sua aplicação revelam um rigor obsessivo que determinaria a grandeza da obra equacionada. A paisagem é cirurgicamente trabalhada para garantir condições de habitabilidade, manifestando-se em acções concentradas e quase imperceptíveis, não fora a utilização de algumas espécies de latitudes mais setentrionais. Baseada no vocabulário modernista de construção de paisagem, a intervenção no exterior regista-se por uma sucessão de clareiras e orlas, articuladas por percursos térreos ou em betão, reveladores de espaços colectivos ou de maior intimidade.
Quando voltamos a Picote, a crescente sensação de abandono salta à vista.Não obstante o reconhecimento recente do seu valor patrimonial, a indecisão do que fazer com esta ‘herança’ tem sido o motor da degradação progressiva dos valores em presença.
O Portugal de hoje busca no turismo rural uma forma de escapismo às problemáticas associadas às grandes cidades, mas quase sempre assente no aproveitamento, por vezes inconsequente, de lugares na proximidade das mesmas.
Trás-os-Montes fica ‘longe’, mas não a uma distância que impossibilite reinventar uma ocupação para este lugar, com a eventual (e evidente) revitalização de tão sedutora valência turística. Aliás, prevista desde a sua génese. A FAUP publicou em 1997 o livro Moderno escondido : arquitectura das centrais hidroeléctricas do Douro 1953-1964 : Picote, Miranda, Bemposta, sobre coordenação dos arquitectos Michele Cannatà e Fátima Fernandes.
Moderno escondido, tão escondido que dificilmente o conseguimos localizar no google earth.

Contributos:
Catarina
Samuel