4.23.2009

campu


O atelier BOUND arquitectos paisagistas começa hoje uma série de exercícios abertos a todos os interessados em experienciar e pensar a interacção do espaço físico e o espaço social da cidade de Lisboa. Prevê-se que os passeios tenham uma frequência quinzenal e que o percurso, embora previamente definido, seja dinâmico e se vá definindo, de acordo com os imprevistos e desvios que a cidade sugira.
No final de cada passeio os elementos-chaves ficarão registados no site e no blog
CAMPU.
No
site dedicado a estas actividades, o traçado das ruas que percorreremos servirá para construir um novo mapa da cidade de Lisboa.As primeiras caminhadas estão agendas para dia 23 de Abril e dia 7 de Maio, ambas às 18h30, com ponto de encontro marcado para a recepção da LX Factory (contacto: geral@bound-ap.com).
palavras de BOUND.

4.01.2009

As piscinas de Lucrecia Martel

Não nos cansamos de falar do cinema de Lucrecia Martel.
Vimos "A mulher sem cabeça" e apanhámos um susto. Dos bons.
Aqui, (no vídeo, lá em baixo) ela fala de piscinas.
Em entrevista ao reverse shot: "I don’t like swimming pools, because I have the feeling that they are always dirty, like an infection. At the same time, in Argentina, there are not many public swimming pools, so I think that the idea of having a cube of water just for a few people is like having a slave—to think that all of this water belongs to you as your property. I like to shoot in swimming pools, though, because it’s like a room, below the level of the ground, full of water. There are many similarities between the behavior of a body inside a swimming pool and out of the pool. Both are in an elastic space. It’s fluid. The sound outside and the waves inside the pool both touch you in the same way. I think there are a lot of similarities in perception—between being in a pool and being in the world."
Ainda no jornal "Público": Não me tinha dado conta de que era um lugar tão fascinante, sobretudo porque me enojam. Gosto de nadar no rio, no mar. Mas a água parada faz-me impressão. Mas há outra coisa que me aterroriza: na cidade onde vivo, Salta, o acesso à água não é fácil. Uma piscina é um enorme privilégio. E parece-me que há um enorme egoísmo numa piscina. Elas devem existir quando são públicas, mas quando são privadas representam um egoísmo, porque esse pequeno paraíso deve ser para todos, tal como a saúde, a educação. O que é revolucionário é que os lugares para os prazeres, a preguiça, sejam de todos. Só assim estaremos um passos à frente na evolução espiritual do homem. E há uma coisa concreta: enquanto as pessoas com poder de compra constroem o seu paraíso artificial, descuidam-se os rios, os mares, os lagos, o acesso público à água deixa de ser importante. Em volta de uma piscina há muitas coisas a dizer sobre o estado do mundo. E o que é que me interessa nas piscinas? Essa conexão dos corpos que produz a água, que se parece muito com o som. Uma piscina é muito parecida com uma sala de cinema. O ar é um meio elástico, o som propaga-se nesse meio. Estar encerrado numa sala de cinema é como estar dentro de uma piscina. Estamos imersos. Não temos a consciência de que vivemos imersos no ar. Só o som é que nos pode dar essa consciência. "
São uma recorrência nos seus filmes.
Aparecem sempre.
(imagens do filme "La Niña Santa", 2004)