Clareiras para Linces
Abrir clareiras parece ter sido das primeiras operações humanas exercidas sobre o território. Estas clareiras seriam abertas de preferência com fogo, na floresta inexpugnável. Ao retirar os estratos arbóreos e arbustivos, o Homem estava a abrir caminho à possibilidade de plantar e semear plantas herbáceas pioneiras que forneciam alimento anualmente a si mesmo e ao gado. O processo inverso, o de florestar, apareceu mais tarde, com o objectivo de proteger os avanços do mar, fornecer lenha para os mais diversos fins – construção, aquecimento, papel - ou por razões ideológicas.
A Serra da Malcata pode testemunhar esses processos todos: Depois de um sistema de pastorícia extensivo, veio a intenção nos anos 80 de florestar toda aquela região com eucalipto. Esta intenção iria impossibilitar a existência de um habitat essencial para uma espécie em vias de extinção – o lince ibérico, cuja presença apenas se deduzia. Depois da Reserva Natural criada, voltaram-se a abrir clareiras nos matos entretanto crescidos. Estas clareiras que se assemelham a campos de golfe são semeadas com prado e foram abertas para ajudar à proliferação do coelho-bravo, o prato preferido daquele felino.
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