Na passada sexta-feira, no reformulado suplemento do jornal Público,
Ípsilon, na secção dedicada ao tema arquitectura, escreve-se a determinado momento, num texto relativo a um edifício de habitação -
a parede tem 90 centímetros de espessura e nessa espessura desenharam cada janela de maneira diferente. É o jogo entre as várias aberturas que dá uma identidade ao edifício e que torna especial a relação entre interior e exterior. “Cada janela tem a sua história. Pode ser uma grande janela que se foca sobre um ponto ou uma janela que, abrindo-se, olha para um lado da cidade”.
Na nossa profissão, passamos parte do nosso tempo a tentar justificar as várias opções de projecto com base em argumentos que nos parecem os ideais, mesmo quando nos desviamos dos pontos fulcrais ou quando não existe uma razão consistente para o mesmo. Na ausência de um contexto eficaz ou algo que sintetize a intervenção, a proposta, ou parte de um gesto intuitivo genial ou cai numa redundância sem sentido. Como refúgio, os artifícios, formalizados em jogos de luz, de cor, de texturas ou, "de aberturas".
Aparentemente, jogar com janelas, fachadas, pavimentos, é como jogar à bola. Ou jogar à arquitectura ou arquitectura paisagista.
Nota: No texto de abertura do artigo escreve-se "Os portugueses são pouco exigentes em relação ao espaço onde vivem mas isso pode mudar a vida. Não querem pagar a inteligência. Luxo não é um condomínio fechado." Ironia.