9.30.2009

the great escape

Está claro que a conservação de espécies em vias de extinção precisa de medidas adequadas de segurança, e também é verdade que o simulacro de paisagens naturais em ambiente de cativeiro é algo de preverso. Mas isto é um bocado pesado. É impressionante a semelhança com outros campos cujo tema era também a extinção.
Se eu fosse lince organizava um plano de fuga com os meus irmãos para fugir daqui.

Podemos ver o filme no site do CNRLI.

9.26.2009

A casa de Keaton

Buster Keaton é um artista completo. Enquanto actor, não hesitava em correr riscos na possibilidade eminente de estragar completamente um cenário, de destruir casas e cidades com uma tempestade, de se lançar nas acrobacias mais surpreendentes e sair com algumas nódoas negras. Sem recorrer a duplos, enfrentava as situações perigosas com a mesma melancolia de sempre. Mas, para além da comicidade imediata da sua figura, Keaton não deixava que a aparente superficialidade da comédia apagasse o seu espírito inquieto e reflexivo. Da metáfora da vida em The navigator (1924), à alegoria do cinema em Sherlock Jr (1924), são vários os temas filosóficos subterrâneos nos seus filmes. A importância da construção de uma casa é um deles. Mas, o que fazer quando a casa não é habitável? No filme One week (1920) conhecemos um casal recém-casado que tudo faz para construir o seu primeiro lar. Compram um lote de terreno e recebem uma casa portátil para montar (!) mas são sabotados com a troca de números indicados em cada caixa, números fundamentais para a construção/montagem da casa portátil. Cada peça tem o seu lugar, cada abertura a sua função. Mas, em Keaton, os objectos inanimados ganham vida própria e uma nova função: uma porta colocada no primeiro andar é uma verdadeira porta para o precipício; um lavatório pode estar no exterior da casa se essa parede rodar funcionando como porta; a vedação da varanda pode ser um lance de escadas; o telhado pode estar esburacado e torto porque, se chover, abre-se o chapéu-de-chuva. A casa acaba por sobreviver a uma tempestade (ainda que, rodopiando furiosamente os arremesse para fora) mas não sobrevive à passagem de um comboio. O ferro vence a madeira como só a morte vence os esforços de vida.

9.20.2009

3.742 km em Chaves

Requalificação Paisagística das Margens do Tâmega Entre a Ponte de São Roque e a Estação de Tratamento de Águas de Santa Cruz, Chaves(*).
Longitudinalmente, os limites da intervenção estão claramente identificados; a Estação de Tratamento de Águas de Santa Cruz, a ponte de São Roque para a margem esquerda, a ponte romana para a margem direita. Transversalmente, é fundamental perceber o plano de água do rio Tâmega e a sua galeria ripícola como espaço de intervenção. Para além dele, e da própria ciclovia, os limites são administrativos.
A proposta foi estudada com os objectivos de controlar as acções de limpeza, demolição e reconstrução necessárias à implantação da futura ciclovia de forma a salvaguardar da melhor forma possível o espaço natural e rural em que esta se iria inserir, de tornar possível a utilização de todas as zonas que se identificaram como as mais aptas para gerar espaços de estadia ou percursos pedonais alternativos à ciclovia, de utilizar os meios de construção dos quais resultasse o menor impacto possível no meio e, essencialmente, de preservar a galeria ripícola.
Manter os objectivos estipulados, cumprindo o programa proposto – a criação de condições favoráveis para a implantação de uma ciclovia e usufruto das margens do rio Tâmega pela população, nomeadamente para acesso e utilização do plano de água, salvaguardando o trânsito resultante e necessário às actividades agrícolas adjacentes – resulta no que se entende ser a principal qualidade do projecto executado, que hoje soluciona a implantação de um equipamento de lazer numa zona de frágil e instável convívio entre três valores fundamentais que se devem preservar; o centro urbano antigo da cidade, a herança cultural de agricultura da Veiga de Chaves e a galeria ripícola das margens do Tâmega.Texto: Francisco Bernardo Guedes de Carvalho
Fotos: Rita Magalhães e Luis Guedes de Carvalho
(*) Projecto vencedor do Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista 2009, na categoria Espaços Exteriores de Equipamento e Infra-estruturas, da autoria do Atelier do Beco da Bela Vista, Luis Guedes de Carvalho, Arquitecto Paisagista.

Outras Categorias:
Categoria Parques e Jardins: Parque Ecológico Urbano de Viana do Castelo, da autoria de Ana Barroco, Arquitecta Paisagista.
Categoria Espaços Públicos Urbanos: Parque da Ínsua, freguesia de Ponte, Guimarães, da autoria de Rita Salgado, Arquitecta Paisagista; Largo de S. João e a Quinta da Cerca, da autoria de Rui Farinha, Arquitecto Paisagista, Ex-aequo.

Jurí composto por João Pedro Costa, director do Jornal Arquitecturas, Miguel Velho Palma, Margarida Cancela d’Abreu, presidente da Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas, e João Nunes, vencedor da edição realizada em 2008.

Gonçalo Ribeiro Telles_Doc.

9.14.2009

Animal Houses

imagem da Animal Wall disponibilizada pela Gitta Gschwendtner

Um novo bairro residencial foi construído na baía de Cardiff. São cerca de 1000 novos apartamentos e casas. Cardiff Bay foi outrora um sapal de águas salgadas cujo vestígio é uma reserva natural de 8 hectares no centro da baía criado em 2002: a Cardiff Bay Wetlands Reserve, agora de água de água doce em consequência das comportas da baía construídas nos anos 90. Desde a era industrial, iniciada com a exportação de carvão dos vales de País de Gales para o resto do mundo, que a paisagem de Cardiff Bay foi sendo alterada mais intensamente. Após a segunda guerra algumas das actividades foram abandonadas e só nos anos 90 com as comportas houve um novo modelo de paisagem baseado em novas construções edificadas pelo investimento privado.
Para o novo empreendimento, na separação entre o espaço público e o espaço privado, a artista Gitta Gschwendtner propôs a construção de uma parede em betão com 1000 abrigos para quatro animais diferentes, entre morcegos e pássaros. A chamada Animal Wall contou com a colaboração de um ecologista para a arquitectura de cada casa.

imagens da Animal Wall disponibilizada pela Gitta Gschwendtner
O Bat House Project decidiu compensar no Southwest London a perca de habitat do morcego causada pela recuperação e reabilitação dos velhos edíficios. A construção do projecto vencedor da dupla Jorgen Tandberg and Yo Murata pode ser acompanhada no blog do Bat House Project.

imagens do projecto vencedor da Bat House Project da dupla Jorgen Tandberg and Yo Murata

9.13.2009

Ciclo Cinema & Ambiente

Em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, o Programa Gulbenkian Ambiente vai apresentar no dia 15 de Setembro, terça-feira, às 21h30, na Cinemateca, a primeira sessão do ciclo Cinema & Ambiente, com o filme Safe, de Todd Haynes. O objectivo deste ciclo de cinema é motivar uma discussão alargada com o público sobre a temática ambiental, contando para isso com o contributo de personalidades públicas de áreas diversas, convidadas para comentar os filmes.

Realizado em 1995, Safe conta a história de Carol White, que desenvolve uma doença ambiental inexplicável, criando alergias a todo o tipo de químicos do quotidiano. Acaba por lhe ser diagnosticada a “doença do século XX”. Após a projecção, Teresa Gouveia irá lançar o debate a partir deste filme, que questiona o ambiente artificial em que vivemos.

A segunda sessão do ciclo, comentada por Inês Pedrosa, realiza-se a 13 de Outubro com o filme alemão Die Wolke (“A Nuvem”), de Gregor Schnitzler, 2006, em que dois jovens vivem uma relação amorosa no contexto de um acidente nuclear perto de Frankfurt que lança o pânico no país.

As sessões do ciclo Cinema & Ambiente são todas de entrada livre e realizam-se mensalmente na Cinemateca.

PROGRAMA
.15 Set, terça-feira, 21h30 . Safe, de Todd Haynes, 1995.Comentado por Teresa Gouveia
.13 Out, terça-feira, 21h30 . Die Wolke (“A Nuvem”), de Gregor Schnitzler, 2006.Comentado por Inês Pedrosa
.10 Nov, terça-feira, 21h30 . Medicine Man (“Os Últimos Dias do Paraíso”), de John McTiernan, 1992. Comentado por Susana Fonseca
.15 Dez, terça-feira, 21h30 . The Trigger Effect (“Efeitos na Escuridão”), de David Koepp, 1996. Convidado a anunciar
.12 Jan, terça-feira, 21h30 . Five, de Arch Oboler, 1951. Convidado a anunciar
.9 Fev, terça-feira, 21h30 . Soylent Green (“À Beira do Fim”), de Richard Fleischer, 1973. Convidado a anunciar
.9 Março, terça-feira, 21h30 . Into the Wild (“O Lado Selvagem”), de Sean Penn, 2007. Comentado por Paula Moura Pinheiro
.13 Abril, terça-feira, 21h30 . Les Glaneurs et la Glaneuse (“Os Respigadores e a Respigadora”), de Agnès Varda, 2001. Comentado por Helena Roseta
.11 Maio, terça-feira, 21h30 . Wind across the Everglades (“A Floresta Interdita”), de Nicholas Ray, 1958. Convidado a anunciar
.8 Junho, terça-feira, 21h30 . Le Monde du Silence, de Jacques-Yves Cousteau e Louis Malle, 1956. Convidado a anunciar
.13 Julho, terça-feira, 21h30 . The Happening (“O Acontecimento”), de M. Night Shyamalan em 2008, comentado por Viriato Soromenho-Marques, Coordenador Científico do Programa Gulbenkian Ambiente

9.09.2009

lOst

Podemos correr o risco de encarar o google earth como um mero instrumento de medida. Uma forma de medir o mundo. Não esta, mas outra mais abrangente. Um pequeno deslize do rato pode transportar-nos, em segundos, de um deserto a uma longínqua floresta tropical. Pelo meio, uma distância interrompida por um ou outro acidente visual que nos paralisa a mão para, de seguida, accionar o mecanismo zoom e fixar um ponto. Nada de novo.
Também o poderíamos entender como uma forma de catalogar o mundo. Mas daí, o que fazer com pequenos incidentes que não entendemos?

9.06.2009

mudar de bina


BFF LISBOA . bicycle film festival . Setembro 9-13